A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E OS NOVOS DESAFIOS DAS PROFISSÕES
O avanço das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) tem transformado diferentes áreas do conhecimento, despertando reflexões sobre o futuro das profissões. No entanto, nem todas as ocupações estão igualmente suscetíveis aos impactos dessa evolução.
De acordo com um estudo recente da Microsoft, as especialidades odontológicas de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) e Prótese Dentária estão entre as 40 profissões menos afetadas pela IA generativa, demonstrando que o componente humano da Odontologia ainda é insubstituível.
A pesquisa intitulada "Working with AI: Measuring the Occupational Implications of Generative AI" analisou milhares de interações com ferramentas de IA generativa, identificando quais atividades profissionais dependem mais da habilidade humana e menos de automação. O resultado destacou que tanto os cirurgiões bucomaxilofaciais quanto os protesistas realizam tarefas que exigem precisão manual, julgamento clínico e empatia, fatores que a tecnologia ainda não é capaz de reproduzir com segurança.
CTBMF: PRECISÃO, ADAPTAÇÃO E RESPONSABILIDADE HUMANA
Entre todas as áreas da saúde, a Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial foi uma das poucas a figurar na lista das menos impactadas pela IA.
O motivo está na natureza complexa e individualizada das cirurgias faciais, que exigem tomada de decisão rápida, habilidade técnica apurada e sensibilidade estética.
Cada paciente apresenta características anatômicas únicas, o que faz com que o especialista precise adaptar cada procedimento às condições clínicas e estruturais específicas. Além disso, o cirurgião bucomaxilofacial lida com situações dinâmicas e imprevisíveis, nas quais o julgamento ético e clínico é essencial, algo que nenhum algoritmo é capaz de substituir.
Outro ponto destacado por especialistas é o papel humano da profissão: o acolhimento, a empatia e a confiança transmitida ao paciente durante todo o processo cirúrgico continuam sendo pilares intransferíveis da Odontologia.
PRÓTESE DENTÁRIA: TECNOLOGIA E SENSIBILIDADE ARTESANAL
A especialidade de Prótese Dentária também figura entre as menos afetadas pela IA, segundo o estudo da Microsoft.
Embora os avanços tecnológicos como o uso de scanners, softwares de desenho digital e impressoras 3D, tenham modernizado o processo de confecção de próteses, a etapa clínica ainda depende da experiência e percepção humana.
A instalação e os ajustes das próteses exigem sensibilidade para compreender as necessidades funcionais e estéticas de cada paciente. Pequenas variações de encaixe, conforto ou oclusão só podem ser percebidas por meio da prática clínica e da interação direta entre profissional e paciente.
Esse caráter artesanal e individualizado da especialidade reforça o porquê de ela continuar essencialmente humana, mesmo em um cenário de alta tecnologia.
A TECNOLOGIA COMO ALIADA, NÃO COMO SUBSTITUTA
O estudo da Microsoft não desmerece o uso da Inteligência Artificial, mas reforça a importância do equilíbrio entre tecnologia e prática clínica.
Na Odontologia, os recursos digitais são aliados valiosos, facilitam diagnósticos, otimizam etapas laboratoriais e auxiliam no planejamento de tratamentos complexos.
Entretanto, o olhar crítico e humanizado do cirurgião-dentista é o que garante a segurança e o sucesso dos resultados.
Em última instância, a IA pode auxiliar, mas jamais substituir a capacidade humana de interpretar emoções, aplicar sensibilidade estética, adaptar-se a imprevistos e tomar decisões com base na ética e no compromisso com a vida.
A ESSÊNCIA HUMANA DA ODONTOLOGIA
A Odontologia é, acima de tudo, uma profissão guiada pela empatia e pela arte.
Como já dizia o Papa Pio XII, "a Odontologia requer o senso estético de um artista, a destreza de um cirurgião, os conhecimentos científicos de um médico e a paciência de um monge".
Essa combinação única de ciência, técnica e humanidade é o que faz da profissão uma das menos afetadas e mais indispensáveis na era da Inteligência Artificial.

